Sonhos de Gaveta - Por Anderson Calandrini

Sr. Potato sentou em sua cadeira de madeira de lei, em frente a sua mesa de escritório, cheia de documentos do último procedimento médico que realizará naquela noite. O cansaço lhe tomava até a última das vértebras, corridas pelas dores daquele dia de trabalho.

Na sua mente se condenava ao saber que em menos de 24h repetiria aquela rotina exaustiva no pronto socorro local. Lembrou que, por muito tempo, mantinha seus senhos na gaveta daquela mesa, que lhe foi dada por seu pai, vinda de seu avó, naquele ciclo familiar hereditário que lhe trazia muitas lembranças.

Naquela mesma mesa havia brincado quando criança em meio aos cometários rabugentos do pai, que assim como ele era médico e chegava todas as noites exausto pelo plantão recorrente. 

Lembrava que na mesa havia brincado com seu carrinho de bombeiros, quando criança, e sonhava em ser um herói a serviço das vidas das pessoas. Lembranças que naquela noite lhe vinham a tona, e o faziam indagar porque desistirá daquele sonho. Talvez na carreira militar tivesse mais reconhecimento por seu trabalho e bravura, e não o descontentamento dos pacientes ávidos por curas, que discutiam na porta de seu consultório todos os dias.

Da carreira militar, já na pré-adolescência, lembrava que sonhava em ser um grande jogador de futebol, na época eles tinham grande prestigio e conseguiam conhecer muitos lugares, apenas amarrando as chuteiras entre as quatro linhas. Talvez hoje tivesse o reconhecimento nacional, e tivesse um museu só seu, local para ser exibido todos os seus gols e conquistas durante a carreira.

Já no colegial optara pelo sonho de ser um desembargador, para assuntos políticos, ávido por acabar e desfalcar os esquemas de corrupção, com o intuito de garantir os direitos dos cidadãos. Sonho esse que logo foi quebrado pelo ciclo de médicos familiares, que por regra surgiam a cada nova geração.

O que ele ainda não sabia era que os sonhos não ficaram engavetados, apenas sofreram mutações, já que em sua profissão tinha a coragem de um bombeiros para lidar com a vida das pessoas, tinha o prestígio daqueles que ajudará durante sua vida hospitalar, o que lhe rendia o reconhecimento das pessoas a quem fez grandes favores e por fim garantindo o direito a vida como sonhara com a carreira jurídica.







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