Não existe outra flor igual - Dom Pedro José Conti Bispo de Macapá

Havia uma jovem muito rica, que tinha tudo: um marido maravilhoso, filhos perfeitos, um emprego que lhe pagava muitíssimo bem, uma família unida. No entanto, ela não conseguia conciliar tudo isso. O trabalho e os afazeres lhe ocupavam todo o tempo e a sua vida estava deficitária em algumas áreas. Quando estava muito ocupada com o trabalho, ela se esquecia dos filhos. Quando surgiam problemas, ela deixava de lado o marido. E assim as pessoas que ela amava eram deixadas sempre para depois.

Um dia, o pai dela, homem muito sábio, deu-lhe um presente: uma flor muito cara e raríssima, da qual havia apenas um exemplar em todo o mundo. Ele disse à jovem:

- Filha, esta flor vai ajudá-la muito. Mais do que você imagina. Terá apenas que regá-la e podá-la de vez em quando. Também terá que conversar um pouquinho com ela e ela lhe dará em troca esse perfume maravilhoso e essas lindas flores.

A jovem ficou tocada, afinal a flor era realmente muito bonita. Mas ela tinha muitas ocupações. Os problemas foram aparecendo; o trabalho consumia todo o seu tempo. A sua vida continuava confusa e não lhe permitia cuidar da flor. Ela chegava a casa, olhava a flor. Esta não mostrava nenhum sinal de fraqueza ou morte, apenas estava lá, linda e perfumada. Então ela passava direto. Até que um dia, sem mais nem menos, a flor morreu. Ela chegou em casa e levou um susto! A flor estava completamente morta, suas raízes estavam ressecadas, suas pétalas caídas e suas folhas amarelas. A jovem chorou muito e contou ao pai o que havia acontecido. Seu pai, então, respondeu:

- Eu já imaginava que isso aconteceria. Eu não posso te dar outra flor porque não existe outra igual a essa. Ela era única, assim como seus filhos, seu marido e sua família. Todos são bênçãos que Deus lhe deu, mas você tem que aprender a regá-los, podá-los e dar-lhes atenção, pois, assim como a flor, os sentimentos também morrem. Você se acostumou a ver a flor sempre lá, sempre florida, sempre perfumada e se esqueceu de cuidar dela. 

Uma pequena mensagem de alerta neste domingo da Sagrada Família. Estes dias, de Natal e final de ano, são muito bons para as nossas famílias. Contudo a rotina do ano inteiro desvia o nosso olhar e, muitas vezes, também o nosso coração. Assim as pérolas raras e únicas, que são as nossas famílias, com seus tesouros de união, afetos e generosidade, acabam perdendo o seu valor. Pretendemos muito delas: que estejam sempre à altura das nossas exigências de atenção, carinho – talvez caprichos -, mas dedicamos pouco tempo e vontade para cultivar aquelas virtudes, como a escuta e o diálogo, que criam aqueles laços invisíveis capazes de desafiar os anos das nossas vidas.

O evangelho de Lucas, deste domingo, é a conclusão dos chamados “evangelhos da infância”, ou seja, aqueles primeiros capítulos onde é apresentado o nascimento e o crescimento de Jesus. Foram escritos depois da paixão, morte e ressurreição do Senhor; quando, aos poucos, os discípulos começavam a definir com palavras e a expressar através de narrações a própria fé. Mais do que “histórias”, estas páginas, são um anúncio de esperança: o menino que nasceu no Natal é o Messias prometido, o enviado do Pai (cf. Lc 2,49). Ele, apesar de ter uma missão única e decisiva para a salvação da humanidade, aceitou as limitações da natureza humana. Precisou de uma família, teve que crescer aos poucos como qualquer crian&ccedi l;a e jovem. No entanto se para “crescer” em idade e estatura basta o tempo e a força da natureza, para “crescer” em sabedoria e graça precisa do amor, do exemplo e da presença atenciosa dos pais. Cada criança é como uma flor; para se desenvolver plenamente deve ser cultivada, reparada e regada todo dia. Todos nós, um dia, fomos crianças. Quando nos tornamos adultos pensamos não precisar mais de atenções, confiança e carinho. Novas urgências esfriam o amor. Se não zelarmos, o que começou tão bem e floresceu tão bonito pode murchar e morrer. Não deixemos que isso aconteça com as nossas famílias. Elas são únicas.

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