Cotidiano
Todo dia ela faz tudo sempre igual. Me sacode às seis horas da manhã. Me sorri um sorriso pontual. E me beija com a boca de hortelã. Lá parto eu para mais uma aventura de segunda-feira, em direção ao coletivo, que por volta das seis e meia da manhã está mais para um carro particular.
Passo pelos primeiros trabalhadores em panificadoras, pais levando seus filhos para a escola e um 'tiuzinho' perdidos em seus pensamentos em direção a uma loira de seios fartos e pernas finas, que me levam a pensar em um sutil desespero sexual do meliante. Porém, agora paro para pensar melhor, e pelo sorriso contraído do senhor tenho as minhas dúvidas se ele estava olhando para loira de bicicleta ou para o adolescente com camisa cor de Castelo Branco.
Como sempre perco o primeiro ônibus e as rezas começam para que o próximo não se demore e eu possa chegar a tempo de acompanhar a metade do jornal da manhã. Ops, lá vem ele, dessa vez não demorou, entro, dou bom dia a cobradora, mas pelo olhar azedo dela percebo que bom dia é o carvalho. Todos no ônibus estão sentados em continência, olhando para o horizonte, talvez pensando em como vão pagar as suas contas nessa semana.
O coletivo pela manhã é muito tranquilo, todos estão pensando em seus problemas, matutando o cotidiano da semana que, ao notar pelo semblante, trará grandes responsabilidades, sem a "agradável sensação" de ter uma aparelhagem fazendo a pedra, quadradinho de oito, o rubi, o tupinamba, o F, o I, o L, o H, o O, o S, o D, o A, o P, o U, o T e por fim o A.
Desço em meio a um mar de bêbedos, que como sempre estão batendo o ponto em frente à feira local, discutindo os mais diversos assuntos, se duvidares, eles devem está agora mesmo discutindo a teoria Freudiana baseada na infância conturbada de Lord Byron e seus poemas antagonicamente suicidas.
Deixa eu correr para dar tempo de bater o ponto dentro do horário, e acompanhar as primeiras notícias da manhã.
Por: Anderson Calandrini
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