Blog do Calandrini

Os 84 anos começam a pesar nas costas, porém, por mais que a razão nos aplique que o fim está próximo, que a qualquer momento a fatídica notícia possa chegar, a ideia de lhe perder me dilacera os pensamentos e comprime meu coração. Dores essas que deságuam em lágrimas de tormentos, que rodeiam um adeus. Hoje, percebo que a razão não é tudo, e que a tristeza, que acaba de ganhar mais uma partida, tira – me o sono e ilude minha lucides, que por mais forte que seja, já foi completamente derrotada. “O Adeus sempre é difícil”, dizem os sábios, mas hoje percebo que palavras não podem descrever tal sentimento, que tem como produto da divisão, o déficit de atenção. Espero receber, nos dias decorrentes, boas notícias, que confirmem que aquele cheirinho de café no final da tarde continuará vivo, não só nas boas lembranças, mas na casa familiar localizada na Travessa Apinagés, entre Rua Nova e Dos Tambés, bairro do Condor, Belém do Pará. Morada de belas lembranças, puxões de...

Com os olhos fechados vejo como o tempo passou; Com eles aberto percebo o quanto não o aproveitei; Com eles fechados entro no mundo de belas lembranças; Com eles abertos percebo o qual devastadora a dor se tornou; Com eles fechados ainda posso sentir o seu beijo, o seu afago; Com eles abertos sinto o destroçar de uma saudade; Com eles fechados percebo que aquele era o momento; Com eles abertos encaro o julgamento da consciência Que sempre repete Ainda Não É Tarde.

Quase morri Há menos de vinte e duas horas atrás Hoje a gente fica na varanda Um dia perfeito com as crianças. São as pequenas coisas que valem mais É tão bom estarmos juntos Tão simples: um dia perfeito Corre, corre, corre Que vai chover! Olha a chuva! Não vou me deixar embrutecer Eu acredito nos meus ideais Podem até maltratar meu coração Que meu espírito ninguém vai conseguir quebrar!