Certa vez, um jumento conseguiu entrar, ninguém sabe como, numa igreja do interior. Era tempo de Natal e, num canto da capela, o povo tinha organizado um belo presépio. O jumento ficou olhando toda aquela arrumação. Não faltava nada. Tinha a estrela, as ovelhas, os pastores, os magos e tantas outras figurinhas de joelho em adoração. Finalmente o jumento reconheceu um seu semelhante, pequeno como os outros, mas com certeza seu parente. Chegou à conclusão de que tudo aquilo devia servir para celebrar o culto do jumento. Com um suspiro de saudade o animal pensou: “Antigamente, sim, os jumentos eram importantes. Deviam ser os donos do mundo!”. Não sei se aquele jumento, ou burro que fosse, era tão inteligente para alcançar tamanho raciocínio, no entanto acontece também conosco que, muitas vezes, olhando as coisas e as pessoas, enxergamos somente aquilo que nos interessa, aquilo que achamos importante e vantajoso para nós. O resto passa despercebido ou mesmo ignorado. Nest...