Mandela é homenageado nesta quarta com Rufar do Tambores e Celebração dos Quilombos
Na quarta-feira, 11, a paróquia Jesus de Nazaré e os afrodescendentes do Amapá realizarão o Rufar dos Tambores e Celebração dos Quilombos que homenageará a passagem do sétimo dia de morte do ex-presidente e líder história da África, Nelson Mandela.
A homenagem será realizada às 19 horas na quadra da Igreja Jesus de Nazaré. “Convidamos a comunidade para prestigiar a celebração de Mandela, que foi um ícone não apenas para os negos, mas, para todas as raças”, declara padre Paulo Roberto.
O mundo perdeu Nelson Mandela na quinta-feira passada, 5, mas o seu legado ultrapassa a fronteiras e as barreiras do tempo. O legado de Mandela não se limita à África do Sul. O líder político foi uma importante figura na luta contra o apartheid, regime de segregação racial na África do Sul. A seguir, relembre a vida e conquistas do vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1993 e entenda como ele continua a influenciar sociedades.
Nelson Mandela nasceu em 18 de julho de 1918 na cidade de Qunu, na África do Sul. Cresceu observando os costumes e rituais africanos. Em 1934, passou pela ritual de circuncisão. Segundo registros no seu diário, “em uma semana a ferida cicatrizou, mas sem anestesia a incisão era como se chumbo derretido estivesse correndo nas minhas veias.” Ainda sobre o ritual, Mandela escreve que não gritou “eu sou um homem” com força suficiente.
Formou-se em Direito pela Fort Hare, primeira universidade da África do Sul a ministrar cursos para negros. Fugiu para Joanesburgo quando seu tutor decidiu arranjar-lhe um casamento. Foi então que Mandela se conscientizou do abismo que separava os negros dos brancos e começou a sua luta contra o racismo.
Anos 40 – A Liga Juvenil
Junto aos alguns amigos, criou em 1944 a Liga Juvenil do CNA (Congresso Nacional Africano), que visava mudar a postura do partido quanto aos brancos. O manifesto “Um homem, um voto” denunciava que dois milhões de brancos dominavam oito milhões de negros, detendo 87% do território sul-africano. Apesar das lutas da Liga Juvenil, o Partido Nacional venceu as eleições. A partir disso, começou um regime segregacionista como nunca existiu.
Anos 50 – A luta contra o apartheid
Durante a década de 1950, Mandela foi um dos principais membros do movimento anti-apartheid. Ele divulgou a Carta da Liberdade, documento pelo qual promoviam um programa para o fim do regime segregacionista. Abriu o escritório advocatício Mandela & Tambo com o seu amigo em 1952, e essa sociedade durou até 1958. O objetivo da empresa era defender os interesses dos clientes negros. Em 1953, proferiu um discurso que, pela primeira vez, dizia que os tempos da resistência passiva acabaram. Porém, outros líderes do movimento defendem que a diretiva da não-violência deve ser mantida. Sua casa foi invadida pela polícia no dia 5 de dezembro de 1956. Seu lar foi revistado por 45 minutos e diversos papéis foram apreendidos. Mandela e mais 144 pessoas foram detidas nesse dia.
Anos 60 – A Lança da Nação e a condenação de Mandela
Em 21 de março de 1960, policiais sul-africanos atiraram contra manifestantes negros, assassinando 69 pessoas. Esse evento ficou conhecido como O Massacre de Sharpeville e fez com que Mandela começasse a defender a luta armada contra o sistema. A Lança de uma Nação foi criada em 1961 e era o braço armado do CNA, sendo que Nelson Mandela era o primeiro comandante. Entendeu-se, com isso, que o apartheid não poderia mais ser combatido com a não-violência. O primeiro comandante aprendeu a atirar em alvos fixos e móveis e recebeu treinamento militar dos etíopes. Ficou impressionado com as estratégias das lutas dos argelinos contra os franceses. Suas ideias passavam pela construção de um exército revolucionário e capaz de conquistar o apoio popular. Em 1962, foi detido por sair do país sem passaporte. Foi condenado a 5 anos de prisão e, enquanto estava preso, a polícia invadiu o seu esconderijo em 1963. Por conta de documentos e papéis comprometedores, foi julgado por acusações ainda mais sérias. Em 11 de junho de 1964, foi condenado à prisão perpétua.
1964 – 1990 – Os anos de prisão
Mandela permaneceu preso de 1964 a 1990. Tornou-se símbolo da luta anti-apartheid na África do Sul e, mesmo preso, conseguiu enviar cartas para ajudar a organizar e incentivar a luta pelo fim da segregação racial. Recebeu apoio de vários segmentos sociais e governos mundiais. Solto em 1990, o líder é aclamado por uma multidão. Ele ergue o punho no ar, em sinal de luta, e recebe a resposta do conjunto de pessoas que se uniram para vê-lo.
1993 – 1999 – O Prêmio Nobel e o governo de Mandela
Em 1993, dividiu o Prêmio Nobel da Paz com Frederik de Klerk por seus esforços em acabar com o regime de segregação racial na África do Sul. Em 1994, Mandela tornou-se o primeiro presidente negro da África do Sul, governando até 1999. O seu governo foi muito criticado. Segundo o professor de história do Cursinho da Poli Fernando Rodrigues, “Mandela cortou gastos na área de saúde e educação tendo uma repercussão negativa. Foi uma surpresa ele ter se tornado presidente e não ter implementado a política de inserção social para os negros”. Isso significa que o líder africano estava mais preocupado com a reconciliação social do que com reformas, o que acarretou na contínua pobreza do povo negro. Ainda assim, o seu governo foi essencial para o fim da segregação e a igualdade de direitos entre brancos e negros. Ainda de acordo com o professor, “o recado do ex-presidente ecoa forte. A mensagem de Mandela motivou líderes como Martin Luther King, e o seu legado é um exemplo que deve ser seguido por governantes. Esse legado não se limita à África do Sul.” Em homenagem ao líder, o dia 18 de julho é considerado o Dia Internacional de Nelson Mandela, data definida pela Assembleia Geral da ONU.
O ex-presidente da África do Sul continua sendo símbolo de igualdade social. Apesar de sua morte, o seu legado não será esquecido e o mundo tem muito a agradecer ao homem que passou 26 anos preso por acreditar em um mundo onde não existiria diferença social entre negros e brancos.
Fonte: Universia Brasil
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