50% das vagas em Universidades Federais serão destinadas a alunos de escolas públicas
Arley Costa - Diretor do Sindufap
Anderson Calandrini
O Senado aprovou na última terça-feira, 7, o Projeto de
Lei que prevê que 50% das vagas em universidade federais sejam reservadas para
quem cursou o ensino médio integralmente em escolas públicas, unificando assim
a divisão das vagas por cotas sociais e raciais. De autoria da deputada federal
Nice Lobão (PSD-MA), a proposta, já aprovada na Câmara, ainda tem de passar
pela sanção da presidente Dilma Rousseff, que é entusiasta do projeto.
Dessa porcentagem, metade será destinada a estudantes
cuja renda familiar é igual ou inferior a 1,5 salário mínimo por pessoa.
Paralelamente, para os 50% de todas as vagas da instituição de ensino, serão
aplicados também critérios raciais. Estudantes autodeclarados negros, pardos e
indígenas terão cotas proporcionais ao número desse grupo de pessoas que vivem
no Estado onde está localizada a universidade, com base em dados do último
censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não importando
a renda per capita do aluno.
Oposição
O senador Aloysio Nunes
(PSDB-SP), o único a se posicionar contra o assunto, considera que essa lei
trará "um abalo muito grande na qualidade de ensino das universidades
federais que já não andam bem". Para ele, a reserva de vagas nesses moldes
é inconstitucional. "Os colegas votaram a favor por medo da pressão dos
chamados 'movimentos' ligados ao governo. Sou contra essa diferenciação por
raça e não tenho medo desses movimentos. O branco pobre não é filho de senhor
de escravos", disse.
Já o senador Paulo Paim (PT-RS) comemorou a aprovação.
"É uma reparação de anos e anos de exclusão racial e social. Não é justo
que o preto e pobre trabalhe de dia para pagar a universidade e estudar à noite
enquanto o branco descansa o dia todo". E concluiu dizendo que "a
minoria que é contra o projeto infelizmente tem o poder e é bem articulada".
Para Arley Costas, diretor do Sindicato dos Docentes da
Universidade Federal do Amapá (Sindufap) essa medida é apenas mais uma operação
que busca diminuir as deficiências do sistema público educacional, que
atualmente não oferece a mínima condição de competitividade aos alunos de
escolas públicas, nos certames de instituições federais.
“Essa ação é um mecanismo paliativo, para que o governo
federal possa falar que uma população de baixa renda está entrando no ensino
superior, mas isso não quer dizer que o sistema educacional secundarista está
melhorando, e sim que o Governo está empurrando um problema estrutural com
barriga, ou seja, não está oferecendo mudanças e sim colocando pequenos
placebos a população” disse Arley.
O que muda:
Assim que sancionada pela presidente Dilma, a lei
modificará todo o sistema de divisão de vagas das universidades federais.
Atualmente, quase todas elas utilizam algum sistema de cota social, racial ou
de gênero, que deixarão de lado para adotar este modelo único. A lei não modifica
em nada o sistema de adesão nas universidades estaduais nem nas particulares,
que poderão continuar a escolher se adotam ou não algum sistema de cotas.
Segundo o texto aprovado pelo Senado, a aplicabilidade desse sistema será
revisada em dez anos.
Comentários
Postar um comentário