Mangueira homenageia o Amapá no Carnaval 2026 com enredo sobre Mestre Sacaca - Escute o Samba

O Amapá terá destaque no Carnaval do Rio de Janeiro em 2026. A Estação Primeira de Mangueira anunciou que seu samba-enredo será uma homenagem ao estado, celebrando a cultura afro-indígena e a história local por meio da figura de Mestre Sacaca, símbolo de resistência, sabedoria e preservação da tradição amazônica.

A composição vencedora do concurso de samba-enredo, intitulada “Chamei o povo daqui, juntei o povo de lá, na Estação Primeira do Amapá”, foi criada por uma parceria entre o poeta amapaense Joãozinho Gomes e os compositores Pedro Terra, Tomaz Miranda, Paulo César Feital, Herval Neto e Igor Leal. O enredo será assinado pelo carnavalesco Sidnei França e marcará o início do triênio comemorativo do centenário da Mangueira.

A escolha do tema representa uma valorização da cultura regional do Norte do Brasil e reforça a presença do Amapá no cenário nacional, destacando a diversidade cultural brasileira. A final do concurso ocorreu na madrugada do último domingo no Palácio do Samba, no Rio de Janeiro, reunindo quatro composições finalistas.

A secretária de Estado da Cultura do Amapá, Clícia Vieira Di Miceli, celebrou o momento como histórico para o estado, destacando o talento dos compositores locais e a importância de projetar a cultura amapaense no maior espetáculo de carnaval do país.

Com essa homenagem, o Amapá ganha visibilidade nacional, mostrando que a riqueza cultural do estado vai muito além da sua geografia, chegando à Sapucaí para encantar milhares de pessoas com música, dança e tradição.



Chamei o povo daqui, juntei o povo de lá, na Estação Primeira do Amapá”



Finquei minha raiz
No extremo norte onde começa o meu país
As folhas secas me guiaram ao turé
Pintada em verde-e-rosa, jenipapo e urucum

Árvore-mulher, mangueira quase centenária
Uma nação incorporada
Herdeira quilombola, descendente Palikur
Regateando o Amazonas no transe do caxixi
Corre água, jorra a vida do Oiapoque ao Jari

Çai erê, babalaô, Mestre Sacaca
Te invoco do meio do mundo pra dentro da mata
Salve o curandeiro, doutor da floresta

Preto velho, saravá
Macera folha, casca e erva
Engarrafa a cura, vem alumiar
Defuma folha, casca e erva... saravá
Negro na marcação do marabaixo

Firma o corpo no compasso
Com ladrões e ladainhas que ecoam dos porões
Ergo e consagro o meu manto
Às bençãos do Espírito Santo e São José de Macapá
Sou gira, batuque e dançadeira (areia)

A mão de couro do amassador (areia)
Encantaria de benzedeira que a Amazônia Negra eternizou
No barro, fruto e madeira, história viva de pé
Quilombo, favela e aldeia na fé

De Yá, Benedita de Oliveira, mãe do Morro de Mangueira
Ouça o canto do uirapuru
Yá, Benedita de Oliveira, benze o Morro de Mangueira
E abençoe o jeito tucuju

A magia do meu tambor te encantou no jequitibá
Chamei o povo daqui, juntei o povo de lá
Na Estação Primeira do Amapá

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