Pisa Fundo


“Pisa fundo. Segue, segue, segue”



A primeira vista você se sente em um filme de ação que os super-heróis, facas na caveira, estão indo de encontro aos bandidos que em algum lugar da cidade estão roubando o sossego da população.

Você começa a imaginar o carro parando em algum conglomerado qualquer de pessoas, momento em que fusíveis, armas calibre doze e metralhadores saem nas mãos de Neto, Matias e o Coronel Nascimento, que ditam logo as regras “não vai subir”.

Mas um pequeno empurrão em seu ombro o trás de volta a realidade, e logo dita os comandos – Liga ai logo para o 3312-2160 e indagar se tem alguma coisa alarmante acontecendo na cidade? – diz de forma agitada a voz experiente do seu companheiro de reportagem, que nesses primeiros momentos lhe repassam como as coisas acontecem nessa profissão.

“Bom Dia. Eu sou do Jornal Foca na Notícia e nosso carro de reportagem acabou de ser ultrapassado por três viaturas do Bope, gostaria de saber se está acontecendo alguma coisa de relevante na cidade” você indaga após ser atendido pelo plantonista do Centro Integrado de Operações de Defesa Social – Ciodes.

“Nós recebemos a informação agora há pouco. Segundo a denúncia dois indivíduos fizeram três reféns em uma loja na Avenida Padre Júlio, a polícia está se deslocando ao local” explica a voz do outro lado do telefone.

Mal você desliga o telefone e o seu companheiro de labuta já está no pé do seu ouvido indagando – E aí? Rende uma boa pauta? – antes de responder você pensa nos relatos dos professores de jornalismo, que explicam como um assunto pode ser considerado notícia.


Sim, rende ou rende uma matéria? - A voz insistente de companheiro de reportagem indaga mais ferozmente.

E você de forma espontaneamente e sem restrições de pensamento começa logo a falar - vamos que que o negocio ta pegando - E a mente começa a ficar a mil, será que a situação já ta contornada? Tem alguém ferido? De que forma posso exercer a profissão sem colocar as pessoas e eu mesmo fora de perigo?

As perguntas surgem a cada momento, porém as respostas estão longe de aparecerem e o carro da reportagem começa a chegar perto do local do sinistro.

E ai foca? Está pronto para a sua primeira pauta de polícia instantânea? Se você não tiver pronto eu faço – indagar o repórter ao seu lado – Claro que posso – você responde sem pensar no tipo de situação que terá que cobrir.

As pernas tremem e você começa a pensar o que tenho que contar, qual o diferencial que colocarei em minha matéria, será que conseguirei todas as informações?

Chega no local do sinistro e você, foca, começa a procurar por relatos de quem viu o início, começa a ouvir os comentários dos outros jornalistas presentes e começa a detalhar, fazer um roteiro de sua matéria.

Ao final você tem muitas informações recolhidas e está pronto para tentar emplacar a sua primeira manchete. Mas (...) – ahh o “MAS”, santa desgraça que atinge o seu profundo controle e tira as suas alegrias.

Nesse caso o “MAS” é um telefonema de seu editor chefe, que ao telefone logo avisa, que por ser uma ótima matéria, que terá que emplacar as discussões dos leitores do dia seguinte, deve ser feita pelo jornalista mais experiente.

#Vida de Foca.



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